domingo, 2 de novembro de 2014

Sábado

Um sábado em que eu, Paulo, tive de acordar cedo para ir à CUF em Lisboa. Mas deveria ter ficado a dormir.
Vou de carro até Vila Franca de Xira e apanho o comboio para a estação do oriente. Na viagem, uma Sra de idade aproxima-se do meu lugar que eu gentilmente faço o favor de oferecer. Pede-me para segurar a mala que por acaso estava aberta (o que estranhei) enquanto se senta. Depois de acomodada a primeira coisa que faz é começar a vasculhar a própria mala e falar em voz alta: “500 Euros… os meus 500 euros… Onde estão os meus 500 Euros?” Com o tom de voz a aumentar gradualmente começa a olhar para mim e a falar mais alto: “FOI VOCÊ! ONDE PÔS OS MEUS 500 EUROS???”
Eu, atrapalhado e já com metade da carruagem a olhar para mim de forma inquisidora, digo-lhe que não mexi na mala e que tinha sido ela a própria a entregar-me a mala assim, aberta. Trocámos umas palavras com uns decibéis acima do que devia ser legalmente permitido e nem de propósito, aparecem dois bófias que andavam a policiar o comboio. Pedem esclarecimentos pela gritaria, e a Sra tem o descaramento de dizer que lhe roubei 500 Euros e que deixei a mala aberta. Aos gritos e já descontrolado, grunhi, numa névoa de gafanhotos: “PROVE, PROVE QUE FUI EU!!”
Claro está que dali, saímos os dois na estação de Moscavide diretos para a esquadra, acompanhados pelos moinas. Foi a 2.ª vez que entrei numa esquadra. Lá chegados, a Sra continuava com os mesmos argumentos e eu com os meus, senão quando ela se lembra de se baixar e espreitar nas próprias meias pelo dinheiro. E… adivinhe-se: entre as meias e as varizes os 500 euros estavam mesmo lá. Escondidos nas meias! A Sra começa a corar e a justificar-se e pelo meio ainda lacrimeja. Dá-me um abraço e pede umas 20 vezes desculpa dizendo que me vai recompensar: Saca de um cheque e começa a escrever. 5.000 euros. Yep, com esses zeros todos! Boquiaberto, disse que não podia aceitar. Ela, insistindo, disse que tinha muitas posses e que pela vergonha que me fez passar era obrigatório que aceitasse. E passa-me o cheque para a mão! Nisto, acordo e bocejo. São 7.55 é segunda-feira e dia de ir trabalhar. 

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